A soja deve trazer receitas de US$ 36 bilhões neste ano para o Brasil. O resultado é 14% acima do de 2017 e supera em 36% o de 2016.

As estimativas são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), que indica a soja em grãos como a maior fonte dessas receitas: US$ 29 bilhões. Farelo e óleo ficam com o restante.

“Está ocorrendo o melhor dos mundos para o Brasil e para seus produtores”, diz Daniele Siqueira, analista da AgRural, de Curitiba.

O primeiro motivo é porque o Brasil vai colher uma supersafra de soja. A estimativa da agência é de uma produção superior a 119 milhões de toneladas.

Com um volume tão grande de soja a ser colhido, após uma outra supersafra em 2017 no país e duas seguidas nos Estados Unidos, a tendência seria de redução nos preços.

Ao contrário, estão em alta em Chicago. Em março de 2017, a tonelada de soja foi negociada, em média, a US$ 369 na Bolsa daquela cidade, segundo a Abiove. Nesse mesmo mês de 2018, esteve em US$ 383.

Daniele destaca, ainda, a alta interna do dólar. Ela torna o produto brasileiro mais competitivo e aumenta a renda do produtor em reais.

A saca de soja era negociada a R$ 72 em Cascavel (PR) há um mês. Está atualmente em R$ 81,5. Em Rio Verde (GO), subiu de R$ 66,5 para R$ 75 e em Sorriso (MT) evoluiu de R$ 61 para R$ 68,5 no mesmo período.

Um outro fator inesperado é o aumento do valor do prêmio pago ao produto brasileiro em plena safra.

Premio é o quanto o importador está disposto a pagar a mais para ter o produto brasileiro.

No dia 4 deste mês, quando a China impôs taxa de importação na soja dos EUA, o prêmio chegou a superar em US$ 1,80 por bushel (27,2 quilos) o valor das negociações referentes a maio na Bolsa de Chicago. Recuou nesta semana, mas ainda se mantém elevado: US$ 1,25.

Tudo isso porque a safra argentina de soja, que chegou a 58 milhões de toneladas no ano passado, deverá recuar para 38 milhões neste ano.

A Argentina terá limitações físicas nas exportações, enquanto os EUA terão barreiras tarifárias nas exportações para a China, a líder mundial em importações.

Siqueira acredita que esses preços, atualmente elevados, devem se ajeitar. Em pouco tempo, a quebra da produção argentina vai se confirmar e o mercado para de olhar para o país vizinho.

Os olhares se voltarão para os EUA, que estão em fase de plantio e com clima desfavorável neste início de safra.
O prêmio nos portos brasileiros não devem continuar nesses valores altos. Já o dólar é sempre uma incógnita, principalmente em ano de eleição, segundo ela.

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