A safra de soja do Brasil 2020/21 deverá somar um recorde de 133 milhões de toneladas, o que representará um crescimento de 6,5% ante a temporada anterior, após chuvas que atrasaram mais a colheita garantirem também uma boa produtividade na maioria das áreas, disse nesta segunda-feira a AgRural.
Com isso, a consultoria elevou a sua projeção a ante as 131,7 milhões de toneladas vistas em janeiro. A projeção, divulgada aos clientes da empresa de análises anteriormente, está próxima da média apontada na semana passada por uma pesquisa da Reuters com 13 analistas.
“Agora estamos entrando em março, a não ser que tenha um período muito chuvoso, que continue durante a colheita em março, que cause perdas de qualidade expressivas, estamos com uma safra boa”, disse o analista da AgRural Adriano Gomes.
“Não é uma safra excepcional, mas é boa. Se não fossem problemas de seca no início do plantio, que deixaram o ‘standy’ bem irregular, poderia ter sido colhida uma safra ainda melhor”, afirmou.
A consultoria também apontou que, por conta da seca no plantio e chuvas na colheita, segue o atraso na retirada da soja dos campos, apesar de o ritmo ter melhorado na semana passada.
O levantamento mostra que, até quinta-feira, 25% da área cultivada com a oleaginosa no Brasil estava colhida, contra 15% uma semana antes e 40% no mesmo período do ano passado.
“Mesmo com o avanço recente, os 25% colhidos ainda representam o índice mais baixo para esta época do ano desde a safra 2010/11”, disse.
“Não fosse o excesso de chuva em fevereiro, que ampliou o atraso causado pelo plantio tardio, a colheita poderia ter chegado a pelo menos 33% da área, de acordo com cálculos da AgRural.”
Dessa forma, a colheita de soja no maior produtor e exportador de soja do mundo vai ser bem concentrada em março, disse Gomes, lembrando que a tendência é um aumento nos embarques neste mês, após a baixa disponibilidade atrasar o escoamento do produto para os mercados de exportação em fevereiro.
Isso resultou em uma programação de navios de 15 milhões de toneladas nos portos brasileiros. “Agora, basta saber se vão conseguir embarcar (em março) esse volume ou não”, disse ele, em referência ao “line-up” de navios.
Ele lembrou ainda que o fluxo de soja também está afetado pela umidade do produto colhido, o que reduz a velocidade do recebimento da soja nos armazéns.
“No recebimento acaba tendo de fazer a padronização dessa soja, tem filas de caminhões… Tem que passar pelo secador, isso demanda tempo, acaba causando filas…”, explicou.
MILHO
Com o atraso da soja, a segunda safra de 2021 de milho estava 39% plantada até quinta-feira, com bom avanço sobre os 24% de uma semana antes, mas ainda com atraso significativo em relação aos 67% do mesmo período do ano passado, afirmou a AgRural.
Apesar dos riscos climáticos associados ao atraso, a AgRural ainda projeta uma grande segunda safra, considerando a linha de tendência de produtividade dos últimos anos.
A produção, considerando dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Norte e Nordeste, poderia atingir cerca de 80,5 milhões de toneladas, com um aumento da área de 5,2% projetado pela consultoria para o centro-sul.
“Um plantio fora da janela é um plantio com maior risco, principalmente em sul de Mato Grosso do Sul e oeste do Paraná, quanto mais avanço em março, maior risco dessas áreas pegarem uma geada precoce em junho e julho”, disse ele.
“Sem falar que milho plantado em março quer dizer que vai precisar de boas chuvas em abril e maio, não só nessas regiões…”, acrescentou.
Com informações da Reuters