BLOG | Commodities: Aversão ao risco domina o mercado de grãos em Chicago

Commodities: Aversão ao risco domina o mercado de grãos em Chicago

24 de junho 2022 |

 

A aversão ao risco dominou as negociações dos grãos na bolsa de Chicago nesta quinta-feira. Os contratos da soja para julho, os de maior liquidez, caíram 3,60% (59,50 centavos de dólar), a US$ 15,9325 o bushel, e os papéis de segunda posição, para agosto, recuaram 3,63% (56,75 centavos de dólar), a US$ 15,0725 por bushel.

Segundo Daniele Siqueira, analista de mercado da AgRural, o recuo dos preços na sessão de hoje deveu-se à fuga dos investidores de ativos tidos como mais arriscados, como as commodities agrícolas.

“Não existe um receio de que a recessão vá resultar em uma enorme queda na demanda por alimentos. No entanto, o cenário de aversão ao risco mexe com a lógica financeira de quem atua nos mercados de commodities, e essa lógica, em momentos assim, diz que o mais sensato é desmontar posições compradas em mercados de maior risco”, pontuou.

Com os bancos centrais ainda tentando controlar a inflação em diversas parte do mundo, a analista ressaltou que o mercado da soja deve continuar volátil no curto prazo. Isso pode criar boas oportunidades de comercialização para o produtor brasileiro.

“Se de um lado as cotações da soja caem em Chicago, de outro, o real perde força em relação ao dólar, tornando os preços da soja mais atraentes em reais e estimulando a demanda internacional pelo produto brasileiro”, diz. Ela sugere atenção com o ritmo de consumo chinês, que está mais fraco neste ano e também exerce pressão negativa sobre as cotaçõ

Hoje, o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) aumentou sua projeção para a produção de soja 2022/23. Com perspectivas melhores para Brasil e Índia, a entidade adicionou 3 milhões de toneladas à sua estimativa e passou a prever colheita global de 390 milhões de toneladas, um aumento de 11% em comparação com o ciclo 2021/22.

 

Milho

A aversão ao risco derrubou também as cotações do milho. O contrato para setembro, o mais negociado na bolsa de Chicago, recuou 5,02% (35,25 centavos de dólar), a US$ 6,6675 por bushel.

“O sentimento negativo em relação à economia mundial exerce pressão negativa sobre esses preços”, diz Daniele Siqueira, analista de mercado da AgRural. “Pode haver alguma correção para cima nos próximos dias, já que as perdas de hoje foram exageradas”.

O plantio americano está na reta final, e 70% das lavouras já semeadas estão em boas ou excelentes condições, acima das 65% de um ano atrás, estimou o USDA na terça-feira. O analista Karl Setzer, da AgriVisor, disse que as previsões de longo prazo indicam clima mais favorável ao desenvolvimento do cereal em julho.

Ainda sobre oferta, Siqueira afirma que Brasil e Argentina têm tudo para exportar grandes volumes de milho no segundo semestre, cobrindo o espaço deixado pela redução das exportações ucranianas. “Não há falta de milho no mundo neste momento”, pontua a analista da AgRural.

Daqui a uma semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgará sua nova estimativa de área plantada com grãos nos EUA. O mercado acredita que haverá um aumento na área de milho em relação aos 89,5 milhões de hectares projetados em março, afirma Setzer.

Trigo

Os contratos do trigo para setembro, que são os de segunda posição e também os de maior liquidez, fecharam o dia em queda de 3,99% (39,50 centavos de dólar), a US$ 9,4925 por bushel.

Assim como aconteceu com outras commodities agrícolas, o trigo foi pressionado pelo sentimento de aversão ao risco gerado por preocupações com a economia global.

Por outro lado, a continuidade da guerra na Ucrânia fornece suporte aos preços, diz o Zaner Group. “Um ataque russo atingiu uma área de exportação de grãos próxima ao Mar Negro. Isso fornece suporte ao mercado de que os lados estão distantes em relação a um acordo para permitir os embarques de grãos da Ucrânia”, afirmou, em relatório.

O documento ainda ressalta que autoridades agrícolas da Ucrânia estimam que um quinto dos silos de grãos foi danificado ou perdido no território ocupado pelas forças russas.

Segundo a Head Point Global Markets, mesmo que a falta de oferta ucraniana tenha pressionado os preços nos últimos meses, há riscos de longo prazo para o mercado. “A incerteza em torno das exportações pode desestimular a colheita do trigo de primavera e até mesmo o plantio do próximo ciclo do trigo de inverno”, destacou a consultoria em relatório.

Além da Ucrânia, a Rússia, maior exportadora de trigo do mundo, também pode enfrentar dificuldades para escoar sua produção recorde de trigo a partir de julho. Segundo analistas e traders ouvidos pela agência Reuters, o cenário adverso é motivado pelo rublo (moeda russa) valorizado em relação a outras moedas, elevada taxa de exportação, problemas c

Um dos primeiros impactos para o trigo russo pode vir pelas sanções impostas pelo Ocidente. “A Rússia tem muita oferta de grãos, mas seus exportadores precisam confiar nas vendas à vista em vez dos usuais contratos a termo, já que o impacto das sanções complica sua capacidade de planejar negócios com vários meses de antecedência”, disse à Reuters Eduard Zernin, diretor da associação russa de exportadores de grãos.

Outro problema é o rublo, que está em máxima de 7 anos em relação ao dólar americano — em meio a controles de capital e uma queda acentuada nas importações de mercadorias — tornando as exportações russas menos competitivas no mercado global, disse um exportador focado na Rússia.

O alto imposto governamental para exportação de trigo, fixado pelo Ministério da Agricultura da Rússia em US$ 142 por tonelada para 22 e 28 de junho, é outro problema, junto com o alto custo de seguro e frete, disse a consultoria Sovecon.

 

Contato

Av. Cândido de Abreu, 776, Sala 1601 | Centro Cívico | Curitiba - PR | CEP 80530-000

+ 55 41 3338 7884
(Whatsapp) 41 99888-4695
(Skype) rejaneagrural
contato@agrural.com.br

Receba nossa Newsletter

Cadastre-se para receber novidades!