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Commodities: Aversão ao risco pressiona a soja em Chicago

13 de junho 2022 |

 

Nesta sexta-feira, a aversão ao risco pressionou as cotações da soja, que fecharam em queda na bolsa de Chicago. Os lotes do grão para julho, os de maior liquidez, caíram 1,33%, a US$ 17,4550 o bushel, e os papéis de segunda posição, para agosto, recuaram 1,06%, a US$ 16,62 por bushel.

“No curto prazo, a tendência é que o mercado da soja fique sob uma influência maior do mercado financeiro, que está muito volátil devido à inflação e às incertezas sobre o que os bancos centrais vão fazer com os juros mundo afora, especialmente nos Estados Unidos e na Europa” disse Daniele Siqueira, analista de mercado da AgRural, ao Valor.

Antes de o pregão na bolsa de Chicago terminar, o Departamento de Agricultura americano divulgou suas novas estimativas de oferta e demanda globais. O USDA aumentou suas previsões para os embarques dos EUA e reduziu a projeção para os estoques em 2022/23. De acordo com a analista da AgRural, o mercado considerou que o relatório não trouxe novidades sobre a oleaginosa. “Isso acontece porque o grande número de junho normalmente sai apenas no dia 30, que é a revisão da estimativa de área plantada nos EUA”, explicou.

Em seu segundo levantamento sobre a safra 2022/23, que está em desenvolvimento no Hemisfério Norte, o USDA aumentou levemente, para 395,4 milhões de toneladas, sua estimativa para a colheita global. A nova projeção é cerca de 700 mil toneladas maior que a do mês passado 12,3% superior à de 2021/22.

O órgão ajustou sua estimativa de demanda para 377,9 milhões de toneladas, volume 3,6% maior que o do ciclo passado. Para os estoques finais, a previsão passou a ser de ser de 100,5 milhões de toneladas, um aumento de 16,6% em relação à última safra.

Os estoques finais, assim, representarão 26,6% da demanda mundial em 2022/23, fatia superior à de 2021/22, que foi de 23,6%. Essa relação um pouco mais folgada sugere que haverá espaço para uma acomodação dos preços em patamares inferiores aos atuais.

O Brasil continuará a ser o maior produtor. O USDA manteve sua estimativa para a colheita no país, apesar do forte aumento de custos, sobretudo dos fertilizantes. O órgão projeta safra de 149 milhões de toneladas. Em 2021/22, quando problemas climáticos causaram forte quebra da região Sul e em parte de Mato Grosso do Sul, a produção do Brasil foi de 126 milhões de toneladas. Para as exportações brasileiras, o USDA continua a calcular 88,5 milhões de toneladas, 6,25 milhões a mais que em 2021/22.

O órgão continua a prever colheita de 126,3 milhões de toneladas de soja nos EUA em 2022/23, um aumento em relação às 120,7 milhões de 2021/22. Para exportações americanas, a previsão é de 59,9 milhões de toneladas, volume superior às 59,1 milhões da última safra, e, para os estoques finais, a projeção é de 7,6 milhões de toneladas, ou 2 milhões a mais que em 2021/22.

Para Paraguai e Argentina, que completam a lista dos quatro maiores exportadores de soja em grão do mundo — e que também tiveram quebra de safra em 2021/22 —, o USDA confirmou a recuperação dos embarques. As vendas dos paraguaios ao exterior devem passar de 2,9 milhões a 6,5 milhões de toneladas de uma safra à outra, enquanto a projeção para as exportações argentinas é de aumento para 4,7 milhões de toneladas. No último ciclo, o país embarcou 2,8 milhões.

A China lidera com folga as importações. De acordo com o USDA, o país deverá comprar no exterior 99 milhões de toneladas em 2022/23, ou 59,2% do total. O volume é 7 milhões de toneladas maior que o de 2021/22.

Trigo

Os contratos futuros de trigo para julho encerraram o dia perto da estabilidade, em queda de apenas 0,05%, a US$ 10,7075 por bushel. Já os papéis da segunda posição, para setembro, fecharam estáveis, a US$ 10,8475 por bushel.

Segundo o analista Carlos Cogo, da Codo Inteligência em Agronegócios, o relatório do USDA veio sem grandes surpresas para o mercado de trigo. A exceção foi o aumento da estimativa para as exportações da Rússia em 2022/23, que passou de 39 milhões para 40 milhões de toneladas.

Ele acredita que os preços seguirão firmes em Chicago, especialmente em virtude das incertezas sobre as exportações de grãos de Ucrânia e Rússia.

“O mercado já precificou esse cenário em torno do Leste Europeu, e não devemos retomar as máximas na casa dos US$ 12 por bushel, de pouco mais de um mês atrás. Apesar disso, a tendência para os preços é de alta, que só deve ser revertida com o fim da guerra ou problema de safra em alguma importante região produtora”, afirmou.

Hoje, o USDA confirmou a expectativa dos analistas de mercado ao elevar suas estimativas para a produção americana do cereal em 2022/23. O órgão também manteve suas projeção de consumo e exportações.

Os EUA produzirão 47,26 milhões de toneladas de trigo na safra que começou oficialmente em 1º de junho, segundo o USDA. A projeção anterior era de 47,05 milhões de toneladas.

Com as estimativas de consumo e embarques mantidas em 30,21 milhões e 21,09 milhões de toneladas, respectivamente, o USDA aumentou para 17,05 milhões de toneladas a previsão para os estoques americanos.

O USDA cortou sua estimativa para a produção global, que passou de 774,83 milhões para 773,43 milhões de toneladas. O corte ocorreu na previsão para a colheita nos EUA e na Índia, que mais do que compensou o aumento de 1 milhão de toneladas, para 81 milhões, n previsão para a colheita da Rússia.

O consumo mundial em 2022/23 foi reduzido em 1,5 milhão de toneladas, para 786 milhões, principalmente pelo menor uso alimentar e residual previsto na Índia e pela menor utilização para sementes e uso industrial no Sri Lanka e Argentina.

A percepção de comércio global diminuiu 300 mil toneladas, para 204,6 milhões, à medida que as exportações menores da Índia não são totalmente compensadas pelas maiores vendas externas da Rússia e do Uzbequistão.

Nesse quadro, a estimativa do USDA para estoques finais do mundo é de 266,85 milhões de toneladas, uma baixa de quase 200 mil toneladas e o menor volume em seis anos.

Milho

O milho destoou dos demais e conseguiu fechar em leve alta. Os papéis para julho, os mais negociados, subiram 0,03% (25 pontos), a US$ 7,7325 por bushel, e os compromissos de segunda posição, para setembro, avançaram 0,48% (3,5 centavos de dólar), a US$ 7,3275 por bushel.

O USDA indicou que a produção global de milho em 2022/23 deve somar 1,185 bilhão de toneladas, volume 0,4% superior ao da previsão divulgada em maio. A perspectiva do USDA para a demanda avançou 0,1%, para 1,186 bilhão de toneladas. Os estoques iniciais subiram 0,5%, para 310,92 milhões de toneladas. Já o total armazenado no fim da temporada está estimado em 310,45 milhões de toneladas – 1,7% mais do que o que se previa um mês atrás.

Para a safra americana, importante para a formação de preços na bolsa de Chicago, o departamento manteve os números de produção (367,3 milhões de toneladas) e de exportação (60,96 milhões de toneladas). Significa que os EUA produzirão 4,3% menos milho do que na safra 2021/22 e exportarão um volume 2% menor.

Analistas consultados pelo “The Wall Street Journal” esperavam um corte na projeção de safra nos EUA, para 366,8 milhões de toneladas, segundo a Dow Jones Newswires. Vlamir Brandalizze, analista de mercado da Brandalizze Consulting, disse ao Valor que o milho perdeu áreas para a soja e que o investimento em fertilizantes, em especial a ureia, foi limitado pelos altos custos.

O plantio do milho nos EUA começou no fim de março, cerca de um mês depois do início da guerra na Ucrânia. Logo nas primeiras semanas do conflito, os preços da ureia chegaram a quase US$ 990 por tonelada, mais do que o dobro do valor da tonelada um ano antes (US$ 450), segundo a StoneX. “Naquele momento, imaginou-se que a oferta da Rússia seria limitada ou até interrompida”, lembra o analista de fertilizantes Luigi Bezzon.

No entanto, as exportações russas seguem em níveis “saudáveis”, diz Bezzon. Por isso, as cotações já caíram 40% em relação a abril, para US$ 600 por tonelada no começo de junho. A queda, no entanto, não beneficia muito os americanos, que já plantaram quase toda a safra.

 

 

 

 

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