A soja avançou no pregão de hoje (12/1) na bolsa de Chicago após o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) fazer um corte expressivo em sua previsão para a safra mundial em 2021/22. O contrato para março, o mais negociado atualmente, subiu 0,92% (12,75 centavos de dólar), para US$ 13,9925 o bushel.

A oleaginosa começou o dia em baixa, mas, após a divulgação do relatório mensal de oferta e demanda do USDA, os futuros mudaram de direção. O órgão revisou sua estimativa para safra de grãos na América do Sul, que vem enfrentando problemas climáticos na Argentina e no Sul do Brasil. O corte na estimativa para as safras argentina, brasileira e parag

O USDA reduziu sua previsão para safra brasileira, a maior do mundo, em 5 milhões de toneladas, de 144 milhões para 139 milhões de toneladas. Para a Argentina, o corte foi de 3 milhões de toneladas, de 49,5 milhões para 46,5 milhões de toneladas. No Paraguai, por sua vez, a projeção foi reduzida em 1,5 milhão de toneladas, para 8,5 milhões.

“Essa diminuição já deixa a safra da América do Sul em 199,8 milhões de toneladas, apenas 800 mil toneladas a mais que em 2020/21. O corte foi um pouco maior do que o esperado, mas há espaço para reduções maiores em fevereiro, especialmente se o clima continuar desfavorável nas áreas mais tardias”, diz a analista Daniele Siqueira, da AgRural.

Para os Estados Unidos, o USDA fez pequenas revisões, com a produção subindo de 120,4 milhões para 120,7 milhões de toneladas, um recorde. No caso da China, maior compradora mundial de soja, o órgão manteve sua previsão de importação em 100 milhões de toneladas na safra 2021/22.

Com isso, o USDA cortou em 2,4%, ou 9,2 milhões de toneladas, sua previsão para a safra global de soja 2021/22, para 372,6 milhões de toneladas. Também houve redução, em menor escala, na estimativa de demanda global, que passou de 377 milhões para 374,9 milhões de toneladas, uma queda de 0,6%.

A previsão é de que os estoques finais fiquem em 95,2 milhões de toneladas, abaixo das 102 milhões de toneladas previstas em dezembro. O corte ficou acima do esperado por analistas ouvidos pelo jornal “The Wall Street Journal”, que projetavam um inventário de 99,3 milhões de toneladas.

Passado o relatório, os operadores continuarão acompanhando o desenrolar da safra na América do Sul. “Estamos ainda vivendo o mercado climático sul-americano, e Chicago tende a continuar volátil enquanto o tamanho da safra não se define. O efeito da quebra sul-americana, de alta de preços, só não tem sido ainda maior porque a demanda está mais calma”, prossegue a analista.

O milho fechou em baixa em Chicago após o USDA confirmar as expectativas do mercado em seu relatório mensal de oferta e demanda. O contrato para março, o mais ativo, cedeu 0,33% (2 centavos de dólar), a US$ 5,990 o bushel. A posição seguinte, para maio, caiu 0,29% (1,75 centavo de dólar), a US$ 6,0075 o bushel.

No documento, o órgão reduziu sua estimativa para a produção global milho 2021/22 em 0,17%, para 1,207 bilhão de toneladas. A demanda global foi mantida em 1,196 bilhão de toneladas e os estoques finais caíram 0,8%, para 303,07 milhões de toneladas, em linha com a previsão dos analistas, de 304 milhões de toneladas.

Para os Estados Unidos, maior exportador global, a previsão de safra aumentou em 0,35%, para 383,9 milhões de toneladas. Por outro lado, o USDA também estimou uma safra maior na Ucrânia, que concorre com os EUA pelo mercado chinês. A expectativa é de que o país europeu colha 42 milhões de toneladas, 5% mais do que o previsto em dezembro.

Com esse aumento, os ucranianos devem exportar 33,5 milhões de toneladas, 3,1% mais que o previsto em dezembro, enquanto a previsão para os EUA foi reduzida em 3%, para 61,6 milhões de toneladas.

“O relatório foi bem mais morno para o milho do que para a soja. O destaque foi o novo aumento na produção 2021/22 da Ucrânia e seu avanço na exportação, tirando um naco dos EUA no mercado internacional. Mas isso já era esperado”, lembra Daniele Siqueira, da AgRural.

Para o Brasil, o Departamento de Agricultura americano fez um corte significativo – de 2,5%, para 115 milhões de toneladas – em sua previsão para a safra 2021/22. A redução do USDA vem em linha com o quadro climático delicado no país. As exportações do país foram mantidas em 43 milhões de toneladas.

A Argentina, que também enfrenta um cenário climático atribulado, deve produzir 54 milhões de toneladas, 0,9% menos que o previsto em dezembro. Os embarques foram projetados em 39 milhões de toneladas, sem alterações.

“O USDA foi econômico no corte da produção do Brasil, já que há espaço para redução maior devido à quebra do milho verão no Sul. Na Argentina, o USDA já estava com número inferior à estimativa de fontes locais, por isso ele cortou pouco”, completa a analista.

Por fim, o trigo recuou após três altas seguidas em Chicago, pressionado pela perspectiva de fraca demanda, conforme descrito no relatório mensal de oferta e demanda do USDA. O contrato com entrega para março, o mais negociado, recuou 1,62% (12,50 centavos de dólar), a US$ 7,5775 o bushel. Na posição seguinte, maio, a baixa foi de 1,68% (13 centavos de dólar), a US$ 7,6025 por bushel.

O USDA elevou sua estimativa para a produção mundial de trigo em 2021/22 em 710 mil toneladas, para 778,60 milhões de toneladas. No relatório, o órgão americano atribuiu o ajuste a aumentos de produção na Argentina e União Europeia, que compensarão uma menor colheita no Brasil e Paraguai. Já os estoques mundiais passaram da previsão de 278,18 milhões para 279,95 milhões de toneladas.

No mercado americano, o USDA manteve sua projeção para a produção de trigo em 44,79 milhões de toneladas, mas as exportações devem ser ligeiramente menores que o calculado anteriormente, com 22,45 milhões de toneladas.

De acordo com o órgão, as negociações para o exterior “continuam lentas, pois o trigo dos EUA permanece não-competitivo em vários mercados”. Assim, os estoques americanos foram corrigidos para cima, passando de 16,28 milhões para 17,09 milhões de toneladas.

O USDA também divulgou sua primeira previsão para a safra 2022/23 de trigo no país. A área destinada ao cultivo de inverno deve chegar a 13,9 milhões de hectares. O número representa um aumento de 2% em relação a 2021 e de 13% na comparação com 2020.

O número ficou um pouco acima das estimativas de analistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal”, que apontavam, em média, uma área de 13,8 milhões de hectares. Conforme o USDA, a semeadura já acabou, e a emergência das plantas está um pouco atrasada em relação à média dos últimos cinco anos.

 


COMPARTILHAR:
Abrir bate-papo
Oi 👋 Conte conosco!