O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou — em parte — a expectativa do mercado de cortes na safra de soja e milho na América do Sul, garantindo o suporte necessário para que esses grãos fechassem em alta nesta quarta-feira na bolsa de Chicago, caminho seguido também pelo trigo.
O contrato da soja para março, o mais negociado atualmente, subiu 1,64% (25,75 centavos de dólar), para US$ 15,9475 o bushel. A posição seguinte, para maio, teve alta de 1,46% (23 centavos de dólar), a US$ 15,9550 o bushel.
A seca que atinge o sul da América do Sul levou o USDA a reduzir mais uma vez suas estimativas para a colheita de soja no Brasil, na Argentina e no Paraguai nesta safra 2021/22. Desde agosto do ano passado, a redução das previsões para a produção nos três países chega a 21,2 milhões de toneladas.
Maior produtor de soja do mundo, o Brasil deverá colher 134 milhões de toneladas nesta temporada. Desde o início do ciclo, o USDA reduziu em 10 milhões de toneladas sua perspectiva para a safra brasileira.
“Os cortes feitos vieram em linha com o que o mercado esperava, pois o órgão americano tradicionalmente não faz alterações muito drásticas de um mês para o outro”, lembra a analista Daniele Siqueira, da AgRural.
Diante dessas reduções, o USDA agora prevê a produção mundial de soja em 363,9 milhões de toneladas, 8,7 milhões a menos que o estimado em janeiro. Os estoques finais em 2021/22 recuaram de 95,2 milhões para 92,8 milhões de toneladas.
Esses cortes tiveram pouco efeito na relação global entre oferta e demanda, porque o órgão também ajustou para baixo a projeção para o consumo do grão. Com isso, os estoques finais globais previstos agora representam 25,1% da demanda consolidada em 2021/22. Em janeiro, o resultado da conta era 25,4%.
No caso do milho, o USDA reduziu em 1,6 milhão de toneladas a sua previsão para a safra global em 2021/22. O corte mais expressivo foi feito no Brasil, onde a estimativa do departamento americano caiu de 115 milhões para 114 milhões de toneladas — a expectativa do mercado era de 113 milhões de toneladas.
“Como a produção de milho do Brasil é muito dependente da safrinha, e como o calendário de milho da Argentina é muito longo, neste momento fazia mais sentido [o USDA] mexer mais na soja do que no milho”, justifica Daniele Siqueira.
O USDA prevê uma safra global de milho em 1,205 bilhão de toneladas, ante 1,206 bilhão de toneladas de janeiro. A demanda caiu em 1 milhão de toneladas, para 1,195 bilhão de toneladas. A projeção de estoques globais recuou 0,28%, para 302,2 milhões de toneladas, com relação estoque e uso de 25,1% — mesmo índice observado em janeiro.
Apesar de o relatório ter sido “neutro” para o cereal, o milho encontra suporte na “disputa” de área com a soja na safra 2022/23 dos EUA. Fevereiro é o mês em que os agricultores americanos definem suas áreas, e a cotação do cereal tem sido puxada pelo temor do mercado de que mais hectares sejam destinados à soja. Com isso, o contrato do cereal contrato maio, avançou 1,89% (12 centavos de dólar), a US$ 6,460 o bushel.
No caso do trigo, o USDA fez apenas ajustes pontuais no relatório de oferta e demanda. A perspectiva é que 2021/22 termine com o menor volume de estoque global em cinco anos. A estimativa é de 278,21 milhões de toneladas, frente previsão anterior de 279,95 milhões. Após a divulgação, o vencimento do cereal para maio, teve alta de 0,89% (7 centavos de dólar), a US$ 7,910 o bushel.