Uma enxurrada de vendas de soja pelos produtores do Brasil na última semana em função de preços mais altos devido à quebra de safra na Argentina melhorou a comercialização da safra brasileira, que vinha atrasada, e deve ajudar também a indústria processadora e exportadora no país.

A comercialização de soja da safra 2017/18 do Brasil atingiu o maior volume semanal da temporada na última semana, com produtores negociando cerca de 3,5 milhões de toneladas, diante de preços mais altos, afirmou à Reuters nesta segunda-feira a consultoria AgRural.

Com as vendas da semana passada, o volume já comercializado na temporada subiu para 40,6 por cento da safra de soja, estimada para o Brasil em um recorde de 116,2 milhões de toneladas, acrescentou a consultoria.

“Supersafra no Brasil e o mercado sobe, momento mais do que bom para nós”, disse o analista Fernando Muraro, da AgRural, referindo-se aos valores de referência na bolsa de Chicago que avançaram para máximas de cerca de um ano nas últimas sessões.

“Em plena boca de safra, tivemos o maior movimento, a comercialização estava muito lenta e bem atrasada em relação à média… quem não vendeu (antes) se deu super bem”, destacou ele, referindo-se aos produtores que vinham represando negócios à espera de melhores valores.

Além de destravar o mercado no Brasil, maior exportador global da oleaginosa, a seca na Argentina indica uma redução potencial de exportação do país vizinho, líder na produção de óleo e farelo de soja –os argentinos estão ainda em terceiro nos embarques do grão, atrás de Brasil e Estados Unidos.

A Argentina vem tendo sua safra rebaixada em função de uma estiagem prolongada em importantes áreas, com especialistas no país vendo agora a produção em torno de 46,5-47 milhões de toneladas, cerca de 10 milhões a menos do inicialmente projetado por alguns.

“A safra argentina vem se deteriorando… isso naturalmente faz com que eles fiquem com uma oferta menor, certamente vão colocar menos produto do que seria o ocorrido na eventualidade de eles terem uma safra cheia, abre espaço para o Brasil nos produtos (farelo e óleo de soja)”, afirmou à Reuters o secretário-geral da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho.

Ele ressaltou que o Brasil também pode avançar no embarque de soja em grão diante dos problemas na Argentina, mas que o grande impacto positivo para os brasileiros seria na venda de mais farelo, principalmente, uma vez que haverá maior disponibilidade dessa matéria-prima para ração com esperado aumento da fabricação de biodiesel, com alta mandatória da mistura no diesel a partir de março.

A maior parte da produção de biodiesel no Brasil tem a soja como matéria-prima, cujo processamento resulta na produção de farelo e óleo.

“A exportação do grão não muda muito, a própria Argentina não exporta muito… para o Brasil, se a Argentina exportar um pouco mais ou menos, não vai mudar muito, a gente já está muito acima deles no grãos. Agora, no mercado de farelo e óleo, ela (Argentina) domina… se o nosso concorrente tiver oferta menor, abre espaço para o Brasil.”

A Abiove projeta uma exportação de 16,2 milhões de toneladas de farelo de soja do Brasil em 2018, de uma produção total de 32,7 milhões, de acordo com estimativa feita em dezembro pela associação, números que devem ser alterados nas próximas projeções, diante da maior oferta esperada desde então no Brasil e agora com o fator Argentina.

 

Com informações da Reuters

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