Em seu relatório mensal de oferta e demanda, divulgado nesta sexta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou o que boa parte dos investidores já esperava. O mercado avaliou que os fundamentos não ofereciam espaço para novas quedas de soja e milho, que subiram na sessão.

O contrato da soja com entrega para novembro avançou 1,26% (16 centavos de dólar), a US$ 12,8650 o bushel. “A alta foi predominantemente técnica. Na mínima do dia, o contrato chegou a US$ 12,6275 por bushel, menor valor desde 25 de junho., mas, sem motivos suficientes para seguir em baixa, o mercado mudou de rumo e passou a subir”, disse Daniele Siqueira, analista de mercado da AgRural.

O USDA ajustou suas projeções apenas para a safra americana, que ainda está em desenvolvimento. A previsão é de colheita de soja de 119,04 milhões de toneladas, acima da estimativa anterior, de 118,08 milhões, com aumento da produtividade e redução de área. No entanto, o órgão também aumentou suas expectativas para o consumo de soja no país, o que gerou certo otimismo entre os investidores.

“O USDA gosta de aumentar as estimativas de demanda quando a oferta aumenta, e fez isso também hoje”, disse Arlan Suderman, da StoneX, à Dow Jones Newswires. “Preços mais baixos aumentam o consumo, o que reduz o impacto negativo da oferta maior sobre os estoques finais”.

O relatório também apontou que o Brasil, que ainda não começou a plantar a safra 2021/2, continuará na liderança na produção de soja. A estimativa é de colheita 144 milhões de toneladas no país.

Depois de quatro baixas seguidas, o contrato do milho para dezembro, o mais líquido, avançou 1,47% (7,50 centavos de dólar), a US$ 5,1750 o bushel. “No pior momento do dia, o contrato dezembro chegou a US$ 4,9750 por bushel, rompendo a linha de US$ 5 pela primeira vez desde o fim de maio e abrindo caminho para a próxima área importante de suporte, formada em abril. Isso ativou ordens de compra e levou o mercado para cima depois da mínima do dia”, diz Daniele Siqueira.

Em seu relatório, o USDA aumentou sua previsão de área plantada nos EUA e produtividade, com a estimativa de produção subindo de 374,7 milhões de toneladas para 380,9 milhões de toneladas. “O aumento nos números de consumo de milho na temporada 2021/22 dos EUA foi interessante e compensou parcialmente o incremento na produção”, acrescenta a analista.

Para o Brasil, que ainda está começando a plantar sua primeira safra de milho, a expectativa de colheita manteve-se em 118 milhões de toneladas, com exportações em 43 milhões de toneladas, também sem alteração. Os estoques finais do país deverão ficar em 8,43 milhões de toneladas.

Agora, o USDA projeta uma safra global de 1,197 bilhão de toneladas, pouco acima da projeção do mês passado, de 1,186 bilhão. Os estoques globais deverão encerrar a safra 2021/22 em 297,6 milhões de toneladas, segundo o USDA, com relação estoque/uso de 0,25. No mês passado, as previsões eram de 284,6 milhões de toneladas e 0,24, respectivamente.

Por fim, o trigo não teve fôlego para acompanhar soja e milho e caiu pela quarta vez seguida. O vencimento para dezembro, o mais negociado no momento, recuou 0,54% (3,75 centavos de dólar), a US$ 6,8850 o bushel.

O cereal está sob forte pressão em duas frentes, segundo analistas ouvidos pela Successful Farming. De um lado, espera-se aumento da produção na Austrália, e, de outro, há expectativa de safra chinesa fraca. Isso deverá fazer com que mais trigo seja destinado à produção de ração, o que diminuiria o apetite chinês por importações.

O USDA colocou pressão extra sobre as cotações ao elevar suas estimativas para as colheitas australiana, chinesa e indiana. O órgão elevou sua previsão para a safra global 2021/22 de trigo para 780,28 milhões de toneladas, alta de 0,43% em relação à projeção divulgada em agosto.

A produção australiana foi estimada em 31,5 milhões de toneladas, aumento de 4,76% em relação ao relatório anterior. A China, por sua vez, deve produzir 136,9 milhões de toneladas, avanço de 0,66% no mesmo comparativo. Para a Índia, a projeção é de 109,52 milhões de toneladas, elevação de 1,4%. Já o Brasil deve produzir as mesmas 7,7 milhões de toneladas esperadas em agosto.

 

 

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