A safra de soja de Mato Grosso na temporada 2024/25 está se desenvolvendo muito bem, após atraso inicial que gerou uma concentração extrema do plantio e do estágio das lavouras, que por sua vez indica períodos de “tensão” para produtores dependendo das condições climáticas, de acordo com avaliação da consultoria AgRural.

O Mato Grosso, que responde por mais de um quarto da safra do Brasil, colhendo volume próximo da produção da Argentina, enfrentou no início de outubro um tempo seco que atrasou o plantio. Com a volta das chuvas em meados daquele mês, o Estado acabou plantando 58% da sua soja em apenas 15 dias, segundo dados da AgRural.

“Plantio muito concentrado. A safra está excelente, mas vamos para tensão”, disse à Reuters Fernando Muraro, analista da AgRural, falando nesta segunda-feira diretamente de uma lavoura em Sinop, ao norte de Mato Grosso. Ele circulou na semana passada por Lucas do Rio Verde e Sorriso, importantes municípios produtores do Médio-Norte do Estado.

A concentração do plantio deixará a maior parte da safra mato-grossense no mesmo estágio até a fase da colheita, o que eleva riscos climáticos, no caso de um veranico no período em que as lavouras precisam de umidade, ou de chuvas na colheita, que podem afetar a qualidade do grão ou gerar problemas logísticos para retirar o produto das lavouras, armazená-lo ou escoá-lo.

A AgRural agora está trabalhando com uma previsão de safra recorde do Brasil entre 170 milhões e 171 milhões de toneladas, versus 169,3 milhões de toneladas, no início de novembro. Isso significaria um crescimento de mais de 15% na comparação com a projeção da estatal Conab, de 147,7 milhões de toneladas, para a temporada passada.

Mas essa estimativa poderá ser alcançada caso o clima siga favorável. Muraro disse que o período crítico, em termos de necessidade de chuvas para garantia de uma boa safra em Mato Grosso, será entre 20 de dezembro e 20 de janeiro.

“Depois não pode chover demais em fevereiro. Se isso acontecer, vamos ter problemas”, afirmou ele, que nesta segunda-feira pegou a estrada rumo às regiões de Querência e Canarana, no Vale do Araguaia, a leste do Estado.

“Porque a colheita será muito em fevereiro.”

Chuvas na colheita podem significar dificuldades para tirar a soja da lavoura no momento certo, além de gargalos em estradas ou filas de caminhões para deixar o produto nos armazéns.

Ele disse ainda que, no caso de haver um atraso na colheita de soja, isso poderia se refletir no plantio da segunda safra de milho, que precisa ser semeado o quanto antes por conta da “janela climática”, já que o tempo fica mais seco na região central do Brasil à medida que o inverno se aproxima.
No momento, ressaltou Muraro, tudo vai bem. “Lavouras espetaculares, nenhum cliente reclamou da safra, mas o risco da concentração foi unânime… vai chegar muita soja junto”, afirmou.



PLANTIO PERTO DO FIM

Os comentários foram feitos no mesmo dia em que a AgRural atualiza seus dados semanais de plantio para a mídia.

O plantio de soja 2024/25 do Brasil alcançou 95% da área estimada até a última quinta-feira, contra a marca de 91% registrada tanto uma semana antes quanto no mesmo período do ano passado, segundo levantamento da AgRural divulgado nesta segunda-feira.

“Com a semeadura quase finalizada e expectativa de boas produtividades em todo o país, o destaque da semana passada foram as chuvas muito bem-vindas que chegaram a áreas mais secas do Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul”, disse a consultoria.

No Rio do Grande do Sul, as precipitações normalizaram a umidade do solo, melhorando as condições das lavouras e permitindo a retomada do plantio da soja em ritmo mais forte, acrescentou.

Já para o milho, o plantio da primeira safra 2024/25 no centro-sul também alcançou 95% da área, contra 94% uma semana antes e 95% no mesmo período do ano passado.

“O retorno de chuvas mais significativas ao Rio Grande do Sul favoreceu as lavouras de milho do Estado, mas chegaram tarde para áreas mais adiantadas, que já têm perdas consolidadas causadas pela baixa umidade durante a fase reprodutiva. Nos demais Estados do centro-sul, as lavouras se desenvolvem bem.”


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