Grande parte das áreas produtoras de milho do centro-sul do Brasil, onde está concentrada a segunda safra do cereal do país, voltará a enfrentar tempo seco esta semana, com as chuvas restringindo-se às regiões litorâneas, o que pode interromper embarques de soja momentaneamente, apontaram especialistas nesta segunda-feira.

“A semana será marcada por tempo novamente seco em grande parte da região centro-sul do Brasil”, disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, em boletim diário.

Segundo ele, as precipitações devem se concentrar mais ao norte do país e no litoral do Sul e Sudeste, o que pode limitar embarques em Santos (SP), Paranaguá (PR) e Tubarão (ES).

“Além disso, todos os portos do eixo norte também vão ficar complicados ao longo da semana”, disse ele, citando as chuvas, que resultam em interrupções das operações de embarques.

Por outro lado, a maior parte das áreas produtoras seguirá seca, após “pouquíssimas” precipitações registradas no final de semana em Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e algumas regiões de Mato Grosso e Goiás.

Em nota nesta segunda-feira, a consultoria AgRural comentou que estiagem e as temperaturas elevadas na última semana aumentaram as preocupações em torno da segunda safra de milho, “especialmente em Mato Grosso do Sul, no Paraná e em São Paulo, onde o tempo está mais seco desde o fim de março”.

Segundo a AgRural, em Goiás e Minas Gerais as pancadas vistas na primeira semana de abril não se repetiram na semana passada, “acendendo o sinal amarelo nos dois Estados”.

“Mato Grosso é o Estado onde tem mais chovido, mas as precipitações têm chegado de forma irregular e há pontos onde a falta de umidade também preocupa”, disse a AgRural.

A AgRural estima a segunda safra de milho em 80,1 milhões de toneladas para o cultivo recém-semeado.

As chuvas estão previstas para voltar ao final da semana.

De acordo com dados da Refinitiv, isso deixará os acumulados na maior parte de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul acima da média para o período de 19 a 25 de abril, mas áreas de São Paulo, Minas Gerais e Estados do Sul ainda terão precipitações abaixo da média.

Em relatório, a AgRural notou um “salto” na colheita de soja do Rio Grande do Sul, impulsionada pelo tempo seco, o que colaborou para elevar a área já colhida para 91% do total no país, contra 85% uma semana antes e 92% no mesmo período do ano passado.

“Com a colheita encerrada ou restrita aos últimos talhões na maioria dos Estados, os trabalhos agora se concentram no Rio Grande do Sul, que teve forte avanço na semana passada, para 67%, devido ao tempo seco”, disse a consultoria.

A AgRural estima a produção de soja do Brasil na safra 2020/21 em 133 milhões de toneladas.

 

Com informações da Reuters

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