O plantio de soja da safra 2023/24 do Brasil começou em áreas isoladas de Mato Grosso e do Paraná, mas as previsões climáticas, que apontam chuvas abaixo da média no restante de setembro, deixam produtores cautelosos sobre os trabalhos de semeadura neste mês, segundo a consultoria AgRural e dados meteorológicos.

Em Mato Grosso, alguns produtores foram autorizados a semear soja a partir de 1º de setembro, antes do fim do vazio sanitário contra a ferrugem da soja. Mas os baixos volumes de chuva previstos para o restante de setembro limitam o avanço das máquinas, segundo a consultoria.

“O Mato Grosso recebeu algumas chuvas ao longo do inverno, o que não é normal, e tem certa umidade do solo já neste início de setembro, e isso permite o plantio em algumas áreas”, disse analista da consultoria AgRural Daniele Siqueira.

“Mas as previsões mostram poucas chuvas ao longo de setembro e isso deixa o produtor cauteloso, pois plantar sem chuva nas previsões pode resultar em necessidade de replantio mais adiante”, afirmou ela.

O retorno do El Niño deve favorecer, em especial, a safra do Sul do Brasil este ano, mas meteorologistas têm alertado para a possibilidade de precipitações irregulares em outras áreas brasileiras ao longo da temporada, como o Nordeste.

Segundo a analista da AgRural, é normal para Mato Grosso não receber chuva, “ou chover muito pouco”, em setembro. “Mas os produtores sempre ficam na expectativa, ansiosos para iniciar o plantio.”

Desta segunda-feira até o dia 25, os mapas meteorológicos mostram 7,3 milímetros de chuvas, em média, na maior parte de Mato Grosso, patamar abaixo da média para o período, segundo dados do LSEG.

O sul de Mato Grosso verá ainda menos chuvas, ou 1,6 milímetro, enquanto sudoeste, 12,6 milímetros, no mesmo período.

A previsão de chuvas neste mês para o Paraná também indica volumes abaixo da média, variando de 2 a 10 milímetros, dependendo da região, conforme o LSEG.

Mato Grosso e Paraná são os dois maiores produtores de soja do país (maior produtor e exportador de soja) e costumam dar início aos trabalhos.

Como o plantio ainda é muito incipiente nos dois Estados, a AgRural não apurou percentuais referentes ao dia 7 de setembro.

A consultoria trabalha com aumento anual de 3% na área plantada com soja no Brasil, para 45,4 milhões de hectares.

Com esta projeção de plantio associada a uma linha de tendência de produtividade, a consultoria estima a safra brasileira em um recorde de 164 milhões de toneladas.

Para o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, as condições climáticas “estão favoráveis” para o plantio da safra de verão, com 26% do milho já semeado no Estado. Ele disse que a soja está no início da semeadura.

“Aqui para o Paraná o El Niño deve trazer chuvas acima da média durante a safra de verão”, reforçou.

Segundo a AgRural, no Paraná o vazio sanitário contra a ferrugem da soja terminou no domingo, mas alguns produtores do oeste do Estado já estavam semeando a nova safra na semana passada, na expectativa de que as plantas emergissem somente após o fim do período de restrição.

A consultoria disse que primeiros números sobre o ritmo de plantio de soja no país devem ser divulgados dentro de uma ou duas semanas.

Eventuais atrasos no plantio de soja não chegam a ser um problema para a produção da oleaginosa, mas isso costuma gerar preocupação com a segunda safra, de algodão ou milho, plantada após a colheita de verão e que pode atravessar períodos de maiores riscos climáticos, com seca e geadas.

 

MILHO

O plantio da primeira safra de milho da temporada 2023/24 havia atingido até a última na quinta-feira 17% da área estimada para o centro-sul do Brasil, contra 13% na semana anterior e em linha com os 17% de um ano antes.

“O avanço só não foi maior em função do grande acumulado de chuvas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, disse a AgRural.

Já a colheita da segunda safra 2022/23 chegou na quinta-feira a 93% da área cultivada no centro-sul do Brasil, contra 88% uma semana antes, de acordo com levantamento da AgRural. Um ano atrás, os levantamentos semanais já haviam sido encerrados.

Os trabalhos de colheita da chamada “safrinha” estão atrasados no Paraná e Mato Grosso do Sul.


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