*Mauro Zafalon com colaboração de Daniele Siqueira
Tudo continua dando certo para o mercado de soja neste ano. “O setor vive uma tempestade perfeita”, diz Daniele Siqueira, analista da AgRural.
A colheita se aproxima do final e aponta para uma supersafra. Apesar da maior oferta de produto, devido ao período de safra, os preços continuam subindo.
Do lado externo, a Bolsa de Chicago, principal local da formação dos preços internacionais da oleaginosa, também está com cotações em alta. Nesta quarta-feira (25), o primeiro contrato foi negociado a US$ 10,28 por bushel (27,2 quilos), com alta de 0,51% em relação ao do dia anterior.
O dólar também ajuda e chegou a ser negociado a R$ 3,51, recuando um pouco no final do dia. A alta do dólar traz mais reais para o setor nas exportações.
Preço da soja em alta em Chicago e dólar em elevação no mercado interno deram fôlego aos preços da oleaginosa, conforme pesquisa diária feita pela AgRural.
A saca de soja no mercado disponível subiu para R$ 70 em Sorriso (MT), o maior valor desde 27 de outubro de 2016, segundo Siqueira.
Já em Maringá (PR), cidade que está mais perto do porto, a saca de soja subiu para R$ 82, o maior valor desde 23 de agosto de 2016.
Para os que ainda têm soja para vender, esse é um dos melhores cenários de mercado.
Há três anos, a situação era exatamente oposta. O setor também vivia uma “uma tempestade perfeita”, mas apenas com fatores negativos: seca, queda de produção e retração de preços.
O produtor brasileiro acabou sendo beneficiado neste ano pela situação complicada que vive o agricultor argentino, devido à grande quebra de safra. Os números mais recentes já indicam volume próximo de 38 milhões de toneladas de soja na Argentina, 20 milhões menos do que no ano passado.
Um dos componentes da alta dos preços é a demanda mundial, que continua aquecida. O Brasil acabou sendo favorecido porque a China vem dando preferência às compras na América do Sul, em detrimento das nos Estados Unidos, o segundo maior exportador mundial.
Guerra comercial
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China deve provocar a queda de bombas pesadas no setor agropecuário americano. Essa pelo menos é a visão de parte do setor.
Mais afetados Os produtores vão pagar a conta do alumínio e do aço. Os estados mais afetados serão Califórnia, Iowa, Washington, Missouri e Carolina do Norte.
Produtos Taxas entre 15% e 25% vão recair sobre amêndoas, nozes, laranja, uva, mação, vinho, carne suína e outros produtos. Na avaliação de um grupo que luta para um mercado agrícola livre (Farmers For Free Trade), as taxas impostas pelos chineses poderão atingir as receitas dos produtores em US$ 500 milhões.