BLOG | Após longo período de alta, preços têm forte queda no campo – Folha de SP

Após longo período de alta, preços têm forte queda no campo – Folha de SP

4 de maio 2023 |

 

 

Após um período de bons preços externos e internos para as commodities nos anos recentes, os produtores agropecuários vivem um cenário bem diferente neste. Tanto no setor de grãos, como no da pecuária, os preços internos recuaram para os menores patamares desde 2020.

Um conjunto de fatores levou a essa queda. No caso dos grãos, principalmente no da soja, os produtores apostaram em uma continuidade da alta dos preços e pisaram no freio nas vendas antecipadas. A safra recorde se concretizou, houve atraso na colheita e o retardamento na comercialização auxiliou na queda dos preços.

Daniele Siqueira, analista da AgRural, afirma que as quedas da soja e do milho ocorreram apenas devido a fatores internos. No caso do algodão, os efeitos externos influenciaram. Ela aponta que os valores atuais dos contratos de milho e de soja, negociados em Chicago, e o do algodão, comercializado em Nova York, ainda estão acima das mínimas registradas no primeiro trimestre do ano.

Comercialização lenta, safra atrasada e demanda concentrada na China fizeram com que os compradores retardassem as compras, sabendo que o Brasil teria muita soja para comercializar, apesar da quebra na safra da Argentina.

Siqueira afirma que a forte desaceleração dos prêmios pagos nos portos brasileiros foi decisiva para a queda dos preços. Eles recuaram para os menores patamares em 20 anos. A estabilidade do dólar próximo dos R$ 5 —em alguns momentos até abaixo desse valor— também reduziu o apetite de vendas pelos produtores.

O milho, que também tem expectativas de uma safra recorde, sofre o contágio da soja, afirma a analista da AgRural. A comercialização da safrinha está atrasada, a oferta de produto é grande e ainda há muita soja para escoar. Os prêmios de exportação também caem.

Para Lucílio Alves, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), as quedas ocorrem por movimentos atípicos. Os preços das commodities não subiram como deveriam na entressafra. O milho ficou com preços sem grandes mudanças de agosto de 2022 a março último, e a soja, após pequena recuperação, voltou a cair.

O fato de o produtor não ter realizado vendas antecipadas força a comercialização agora, uma vez que é hora do pagamento de custeio e de despesas com colheita. Mesmo com a redução dos preços das commodities, os dados atuais ainda indicam liquidez no setor, uma vez que os preços dos insumos caíram, afirma Alves.

Ruim para o produtor, a queda de preços das commodities é boa para o setor de proteínas, principalmente para aves e suínos. Essa queda de custos vai beneficiar o consumidor, segundo o pesquisador.

Os preços médios da arroba do boi gordo também recuam para o patamar de 2020 no mercado interno. Externamente, inflação, juros elevados e a menor oferta de dinheiro no mercado influenciam a demanda, afetando os preços. Renegociações pela China, principal compradora no mercado externo, também afetam os preços internacionais da carne bovina, segundo Thiago Bernardino Carvalho, pesquisador do Cepea.

No mês passado, o valor da tonelada de carne bovina exportada pelo Brasil foi de US$ 4.787, conforme dados desta terça-feira (2) publicados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Há um ano, o Brasil negociava a tonelada por US$ 6.208.

Carvalho aponta, no entanto, vários fatores internos para a queda da arroba de boi gordo. Um deles é a maior oferta de gado para abate. A chuva abundante renovou as pastagens e permitiu ganho de peso dos animais.

Investimentos feitos em genética e em pastagens nos últimos três anos também aumentaram o ganho de produtividade no setor.

No mês passado, o Brasil exportou apenas 110 mil toneladas de carne bovina, um volume abaixo da média dos últimos meses. Carvalho vê, no entanto, uma recuperação das exportações brasileiras. O país tem potencial para vendas externas de 150 mil toneladas por mês, com alguns de picos de até 200 mil toneladas.

Com um patamar menor de preços, as exportações brasileiras começam a alcançar novos mercados. A abertura do México é uma das mais recentes.

 

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